domingo, abril 18, 2021

Desafios X Gigantes

Fui desafiada por Deus a passar uma noite de vigília com Ele, não conectada, mas experimentando da Sua Presença, mergulhada em plena comunhão. Não para falar alguma coisa, mas apenas para ouvi-lo dizer do Seu amor por mim.

Claro que aceitei o desafio! Foi empolgante e maravilhoso! Só me imaginar em Sua presença, já me alegrava e acalmava! Até que... o momento de por em prática o desafio, chegou. Só então percebi que não se tratava de algo simples, era de fato um grande desafio!

Descobri que havia gigantes que habitavam em minha mente e eles se sentiam donos daquele território. Eles não me permitiam relaxar e me entregar àquela vigília de comunhão com o Pai.

Um deles se apresentou para avaliar o meu dia. Seu trabalho era discutir comigo (em reunião) as tarefas que eu fiz, se consegui concluí-las e o que ficou pendente. Suas palavras eram pouco elogiosas quando se verificava que eu deixei algo para o dia seguinte. E, neste ponto, o segundo gigante aparecia. Ele vinha com um secretário, vestido de uma capa chamada organização. Seu trabalho era tratar da agenda do dia seguinte, e ela já vinha cheia, pois além das tarefas normais, ainda acumulava todas as pendências dos dias anteriores.

Quando eu me angustiava, imaginando que não ia suportar, aquele pequeno secretário – Organização – lembrava-me que eu não sabia me organizar... tudo aquilo só aumentava minha culpa pelo sentimento de incapacidade para gerir meu tempo. Então o círculo vicioso era reiniciado... as horas de trabalho eram aumentadas madrugadas à dentro, horários confusos de alimentação e repouso... mais cobrança, menos produção, mais culpa.

Foi assim que descobri que minha mente estava ocupada demais para conseguir cumprir o desafio de estar na presença de Deus, para ouvir Sua voz me dizendo do Seu amor por mim. Mesmo conhecendo esta verdade, a proposta de estar com Ele para ouvi-Lo num estado de graça e comunhão, era algo que eu já não experimentava à muito tempo.

O fato é que estava sempre muito ocupada e, na minha condição de fazedora compulsiva, o máximo que conseguia era me manter conectada com Ele, pois até então eu não entendia a diferença entre conexão e comunhão – tudo parecia a mesma coisa. E, além disso, todo o meu trabalho sempre foi para Ele, o meu Senhor.

Sendo assim, muitos personagens ocupavam o território da minha mente – além dos gigantes Agenda, Relatório, Organização e Trabalho, ainda havia Religiosidade, Perfeccionismo, Culpa (e esse era mesmo enorme!); além de Performance, Reputação e Ambição.

Neste contexto é que lembrei das palavras de Paulo aos crentes de Roma (7.24) – “quem me livrará da minha escravidão a essa mortífera natureza inferior? ”. O texto do vers. 25 responde: “Mas, graças a Deus! Isso foi feito por Jesus Cristo, nosso Senhor. Ele me libertou! ”. Esta é a resposta: o sacrifício de Cristo foi suficiente!

Entendo que há uma longa caminhada à minha frente, até que estes gigantes que cresceram em minha mente, sejam totalmente destruídos. Mas o primeiro passo já foi dado – eles foram descobertos, identificados.

Vou seguir firme na busca por cumprir meu desafio – uma vigília de comunhão, e não só – o que aspiro é uma Vida de Comunhão – conhecendo a Deus como Pai, desfrutando do Seu Amor e vivendo Sua Graça; não pelo meu esforço, mas pelo Seu Espírito que me enche a cada dia, capacita-me
a permanecer nEle e a produzir lindos frutos para Sua glória!

Bissau, 23 de setembro de 2020. Mísia Carvalho da Costa Guiné-Bissau/África

Com autorização da Autora

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